terça-feira, 14 de setembro de 2010

Perfil de Zicão

O cara não é Lula, o cara é Zicão, Só para começar, ele é aquele cara sem medo, boca de zero nove, se ele ficar afim de Ivete no carnaval, pai, ele vai dar um jeito de queixar ela do camarote. (Deus que me defenda). Vai levar um fora, é claro, mas vai dizer:

- Rumei mermo. Meti, ela que ficou com xibiatagem e saiu fora.

Enfim, pra vocês conhecerem um pouco dessa figura, vou contar um dos primeiros episódios de Zicão em Brasília. De capital para capital, Zicão, recém saído de Salvador, veio passar uma temporada no Planalto Central. Hospedagem na casa do ninja Sariguê garantida, ele já conhecia Massú, Tiquim, Zézo, a raça ruim toda que morava naquelas bandas, ou melhor, naquela asa.

Zicão logo conheceu Nezinha, e Gal. Saiu pra boteco, tomou umas, contou história, lorota, conversa mole, tudo que se pode imaginar pra cima das meninas, mas nada colou. Até o garçom ficou mais interessado que as duas, demorava meia hora pra passar um pano na mesa. O cara da mesa do lado quase ficou com torcicolo de tanto que se dobrava pra escutar as experiências de Zicão com a mulherada. Depois de uma tarde toda de tira gosto, caipiroscas e o zero a zero continuar, Zicão percebeu que na próxima era hora de ser mais agressivo.

Dias depois todo mundo foi pra casa de Zézo. Os meninos todos naquele fuzuê depois de um dia batendo baba e comendo água. Nezinha e Gal vinham de casa e ainda estavam todas cheirosas, arrumadinhas, pareciam até gente. O cenário que as duas encontraram lá foi esse: Tiquim dormindo no chão, Zézo com a língua embolando, Massú vendo vídeo de putaria no computador, Zicão, Sariguê, e mais dois tomando cerveja.

As duas já não tinham como fugir mesmo, resolveram ficar, sentaram no sofá e ficaram na delas. Zicão achou o máximo as meninas lá. O ataque ia começar, bola pro mato que o jogo era de campeonato. Aproveitando, os vídeos que Massú assistia, Zicão foi fazer seu marketing, que não via nada de mais naqueles caras do vídeo, porque ele era o cara de 17 cm e 40 estocadas, todo mundo morrendo de rir, imaginando como é que ele fazia essa contagem.

Como era de se esperar, uma hora o forró começou a tocar dentro do apartamento, Gal começou a dançar com um, e Zicão catou Nezinha e começou... Joga pra lá, roda ali, arrocha... De repente desceu a mão e pá! Mãozada na bunda de Nezinha. Ah não.... Ninguém é obrigado a conviver com isso só porque nasceu na Barroquinha, na Sete Portas, ou no Cabula VI. Nezinha rodou a baiana!

- O que é isso, Zicão!!?? Você tá pensando que eu sou o quê? Você vá meter a mão em suas piriguetes, viu! – Ficou aquele climão, todo mundo sem graça, tentando colocar o ‘deixa disso’ em campo.

Enquanto todo mundo segurava os ânimos de Nezinha, Zicão viu que era hora de dizer alguma coisa em sua defesa. Embolando as mãos e piscando o olho mais que tudo, ele se desculpou:

- Olhe Nezinha, foi mal, você me perdoe, não devia ter feito isso. Mas não resisti, meti a mão mermo, também com essa bunda sua aí... Não resisto! – Risada geral. Depois da pérola, o forró continuou e a safona, ou melhor, o som não parou.

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Obs: Não tente fazer isso em casa!

sexta-feira, 10 de setembro de 2010

Tião que não é mais Biquinha



Hoje é sexta-feira, dia que tudo dá certo, aliás, às vezes nem tudo. Em festa de casamento, por exemplo, já viu né?Aquela alegria, aquela felicidade, todo mundo brindando os noivos, a cana comendo solta, os convidados enfiando o pé com a bebida de graça né, pai...

Foi nessa que Tião Biquinha conheceu todos os semáforos de uma avenida em Salvador. Já falei tanto de interior, que hoje é vou falar da capital. Voltando ao que interessa, Tião Biquinha estava à vontade, resenha comendo solta, salgadinho a rodo, muita mulé arrumada, perfume importado no salão de festas...

O que mais Biquinha podia querer? Podia aproveitar o uísque que toda hora passava em sua frente. Seus amigos estavam na festa, inclusive Mara e Ana. Mara tinha levado outra amiga, Vilma, moça fina, elegante, que não era muito de se misturar no meio de muita bagunça. Coitada, foi na festa errada, porque ali todo mundo estava no mesmo barco.

Enquanto estou aqui descrevendo esse povo, Tião Biquinha continuava com seu uísque. O gelo derreteu? Mas pra que gelo, meu Pai do céu? Vai caubói mesmo! Puro, de talagada! Aí é que é o bom, aí é que vinha a bagaceira, sacana!

Até Vilma estava dando uns golinhos, finos, de Prosecco, claro, e ia se soltando, já se bulindo. Todos sentados em pufs, sofázinho, com mesa de centro na frente. Numa dessas idas e vindas de Vilma pela festa, ela se desequilibrou perto de Biquinha, e foi apoiar nele pra não cair.

- Ooooooooi, não caia não, meu amor! – foi o Tião Biquinha precisou pra puxar Vilma pra seu colo, dar um cheiro no cangote, e segurou. – Venha cá que eu te seguro!!!

Vilma, minha gente, mais vermelha não podia ficar. Mara e Ana não se agüentaram e riram até. Biquinha tirou sua lasca, mas logo soltou Vilma, vinha passando o garçom com o uísque mais uma vez, e ele não podia perder a chance.

A hora passou e Biquinha daquele jeito, cantando mais alto que o som, tirava terno, botava terno, pegou flor da ornamentação colocou atrás da orelha, era pinto no lixo. Mas se até pra José a luz apagou, a praça esvaziou, pra Biquinha não foi diferente, a festa minguou. Uns combinavam de ir pra boate, outros pra bar. Biquinha não, ficou de olho em Mara, pretendia tentar alguma coisa no caminho da carona, ele estava de carro, então podia rolar uma chance de se dar bem.

Lá foi ele, Sérgio também pegou carona porque viu que Biquinha talvez não desse conta de levar o carro. Dito e certo. Menino, assim que entrou no carro, Mara viu que Biquinha estava mareado, perguntou se ele aguentava levar o carro, e Biquinha retrucou, achou um desaforo a pergunta:

- Oi, não me ómilhe não! Eu bibi, mar tô bem, vu. Levo esse carro na tora! – E foi.

Começou aquele movimento de carro, um balanço quase nada... Hum, mas esse quase nada é que pega, sacana... Biquinha não se agüentou, o primeiro sinal vermelho, abriu a porta do carro, só botou a cabeça pra fora e gofou (pra bom entendendor, gofou basta). Fechou a porta, limpou a boca na gravata e seguiu. Segundo sinal vermelho, gofou, e terceiro, e quarto... por aí vai. Tião nunca mais pôde usar aquele terno, até o apelido dele mudou: de Biquinha, virou Tião Gofador. 

terça-feira, 31 de agosto de 2010

Jogaram uma bomba no cabaré...

Até longe do interior me vejo com as histórias de lá me cercando a todo instante. Certa madrugada está um amigo aflito, ansioso pra me contar um problema que lhe tirava o sono, e a sobriedade, já que aquela altura da madruga ele se encontrava embriagado tentando esquecer as ciladas que o destino lhe causava.

Pois bem, vamos ao suplício de Rai. Depois de anos de experiência, sacanagem, nome jogado na lama, Rai estava na paz de Jah, namorando e sossegado. Com exceção de algumas idas a feira da sua cidadezinha, na sexta-feira, pra ver as meninas novinhas da zona rural e tomar sua gelada, Rai estava na dele.

O namoro ia bem, Dete fazia suas vontades, deixava o miserável solto, sem muita ciumeira, o que fazia o relacionamento durar por meses. Até que Rai numa de suas saídas, com seu bando, foi no brega da cidade. Em cidade do interior é brega mesmo, nada de chique. Enfim, lá ele conheceu Zetinha, cabloca cheia de graça, sabia usar o que tinha, o corpo e a sedução. E Rai caiu na rede, voltou não sei quantas vezes pra rever Zetinha. Parece até letra de forró, “Zetinha essa saudade me mata, Zetinha essa saudade me maltrata...” mas infelizmente, ou felizmente pro blog aqui, aconteceu mesmo.

E Rai se viu arriado, apaixonado e abestalhado por Zetinha a ponto de me pedir conselhos sobre o que fazer, e pela internet... Meu Jesus... O que falar? Bem, o que eu disse não vou contar aqui. O certo é que até pensar em tirar a mulé da vida fácil ele pensou, mas relatou que não conseguiria sustentar uma casa só com seu salário, viver do dinheiro dos machos dela não seria nada bonito, e terminar com a namorada também não achou que seria bom porque aí sim, o tempo seria integral pensando em Zetinha.

Espanto maior meu foi quando contou que até em briga com as colegas de Zetinha no meio do brega ele tinha se metido. E de lá saiu pra tomar umas, disse que ainda não sabia o que ia fazer e depois pensava numa solução. Ou seja, comédia e tragédia pouca é bobagem.

No dia seguinte, Rai aparece de novo na net pra me contar que o pior tinha acontecido, sem saber que seu computador registrava todas as conversas, Dete, sua namorada, leu toda nossa conversa, e estava indignada com a palhaçada que tinha virado seu namoro.

Chorou, esperneou, ameaçou, mas não quis terminar o namoro, e outra, disse que ia lá no recinto, casa de tolerância, brega ou sei lá o quê, resolver o problema com Zetinha. Sabe qual foi a resposta que Rai me deu?

- Eu não quero nem saber que pé de pica isso vai dar... (palavras do próprio).

Nem eu, cambada. Qualquer bomba em cabaré baiano é mera coincidência.

sexta-feira, 20 de agosto de 2010

Tu não quis, tem quem queira

O clima está romântico não é? Na verdade não sei, mas com tantos casamentos, uniões e tico-tico no fubá, achei que seria bom contar sobre encontros amorosos. Até encontro amoroso de baiano é invocado, você não escuta música romântica ao fundo, não tem rosas vermelhas pelo lugar, mas tem pagodão rolando, e todo mundo operando em alta, como diria um amigo meu.

Era uma linda manhã de sol, churrasco na casa de seu Lula (não confunda com o digníssimo), aquele furdunço, um fuzuê, um bando de baiano, brasiliense tudo junto e misturado. Como não tinham mais o que inventar, montaram o tal do futebol de sabão. É, meu caro amigo, esse mesmo que todo mundo fica molhado e escorregadio, e é isso mesmo que você pensou, no mau sentido, sem primeiras intenções, mas de terceiras em diante.

Todo mundo que está lendo isso aqui deve estar lembrando de um evento desses que já participou na vida, tenho certeza. Fuleragem pouca é xibiatagem. O cupido estava presente nessa tarde ensolarada e alcoolizada, e pelo jeito ele tinha bebido uns gorós também. Enfim, quero chegar em Xandão e Mel, a missão impossível do cupido era flechar esses dois. Ele viu que Xandão era um animal carente, estava desolado, abandonado, carcomido, e precisava de alguém pra chamar de sua.

A primeira tentativa deu errado, o cupido mirou em Mel e acertou Nusa. Lá foi Xandão todo se bulindo, deu uns queixos em Nusa e colou, os dois ficaram de xamego. Mas Nusa não entrou no clima, ela queria mais era rosetar e deu seu jeito de escapar de Xandão. Aproveitando uma ida dele pra buscar cerveja, resolveu dar o zignal, viu Mel passando, puxou pelo braço:

- Mel, você me ajude, minha filha! Não quero mais chupitar Xandão não. Você quer a oferenda? Eu vou vazar, e me picar.

- Ô Nusa, vá despreocupada, que eu cuido de Xandão. Ele vai continuar mansinho – O que Mel não sabia é que acaso não existe, né pai. Isso aí era destino.

Quando Xandão voltou e procurou por Nusa, não entendeu nada. Mel lá esperando por ele com sangue no olho, (famosa boca de 09, zero nove, na Bahia). Distraiu o rapazinho, emendou uma resenha na outra, pra não dar tempo dele perguntar quando Nusa ia voltar. Até que Xandão se animou com aquela morenona em sua frente, toda dando mole.

- Lindona, esse mel todo é só no nome, ou eu posso descobrir se tem no beijo também?

- Venha baiano... – O resto da história vocês imaginam né? Pra se ter idéia o tal futebol de sabão foi sábado, e o pessoal todo emendou o churrasco até segunda de noite. Trabalho morreu, né sacana... Depois disso aconteceu o noivado uns meses depois, com direito a um pedido singelo ao pai da noiva:

- Perdeu playboy! A mulé é minha! – E agora está a turma toda na expectativa do casamento. Não acredita? Foi desse jeitinho....

terça-feira, 3 de agosto de 2010

Cabelo Bandido

Realmente me preocupa essa obsessão capilar nos tempos contemporâneos. Hoje em dia, nego faz qualquer negócio pra ter cabelo de propaganda de shampoo. Se disserem que titica de pombo alisa cabelo, as praças estavam todas limpas. No trabalho, aqui por exemplo, todo mundo sempre pegava no pé de Candinha:

- Mar mulé, deixe de criar esse cabelo igual bandido... Quando não tá armado, tá preso! Solte os cachos, solte. Ande com os cabelos ao vento, sem lenço, sem documento. – E Candinha disfarçava, dava seus risinhos pela sala, saía de fininho e mudava o assunto.

E por causa de tanta apurrinhação Candinha inventou solucionar seu problema dentro de casa mesmo. Dozinha, sua filha, tinha certeza que era cabeleireira, e Candinha foi na onda.

Certo dia me chega aqui na sala do trabalho Candinha desesperada, com aquele olhar de quem caiu no busú no meio do povo todo, e não teve um cristão pra ajudar.

- Ô minha filha, você num sabe o que eu passei nesse fim de semana com esse cabelo, com esse mafuá... – foi ela logo desabafando suas infelicidades capilares. – Dozinha, a mais velha lá de casa, inventou de passar uma tal de escova inteligente no meu cabelo, mas eu acho que de inteligente ela não tinha era nada, por que me esculhambou. Botei o troço e meu cabelo no sábado e domingo começou a cair.

E Candinha contava o episódio todo numa tristeza, numa angústia de dar dó. Relatou que olhava no espelho e achava que a testa estava crescendo, o ‘telhado’ estava ficando com umas falhas, e sobrou pra sua filha Dozinha.

- Você me paga sua nigrinha! Arruinou o meu cabelo. Ó pai ó, caindo igual umbu maduro. Ô meu jesus, o que eu faço agora?

Aquele chororó sem fim, não deixava nem Dozinha pensar direito, ela até sugeriu passar um produto antiqueda, mas Candinha não quis nem conversa. No cabelo dela Dozinha não tocava mais!

Só sei que depois do furdunço armado, o marido de Candinha deu a idéia dela ir na cabeleireira de sua confiança e fazer um tratamento para queda do seu cabelo.

Na semana seguinte, tudo mais calmo, Candinha me volta lá no trabalho com um rabo de cavalo mais ‘ripuxado’ que nunca. Ao menor sinal de alguém pedir pra que ela soltasse os cachos, a mulher rodava a baiana:

- Olhe, tá preso, e tá seguro, e não vai ficar armado! Quando eu fizer uma escova, e olhe lá, posso até deixar solto, mas agora quem manda aqui nele sou eu. E me deixe, vu!? Meu cabelo é meu e vai ficar em paz.

Depois dessa hein, Candinha... Eu que não falo mais nada, vai que cai de novo né?

sexta-feira, 7 de maio de 2010

Três em uma

Quase sempre vem um povo me contar de umas enrolações, umas cantadas, e duplas formadas que chego achar que é brincadeira, mas não é não meu amigo... Não dizem que todo absurdo tem seu precedente na Bahia? Estou concordando com isso depois de certas histórias, hoje não vou escrever uma só, vou compartilhar mini causos para não ter que me estender em nenhum deles...

Chupada de amor não cresce coração...

... E pelo jeito não cresce mesmo, Selma saiu pra noitada com as amigas todas, e depois de todos os bares fechados em sua cidadezinha, foram parar na lanchonete da rodoviária. E um tal de amigo querendo tirar uma lasca aqui, outra ali, 4 horas da matina... até que um mais ousado chegou no ouvido dela falou alguma graça e meteu um chupão e uma mordida no rosto, se fosse Angélica, iam dizer q a pinta tinha mudado de lugar. Selma pirou com o canibalzinho. A história terminaria por aí, se no dia seguinte, por acaso Selma não ficasse com um cara que reparou na marca no seu rosto e soltasse:

- Você tá igual canudinho, toda chupada. – Selma ainda soltou uma piada dizendo que era picada de barbeiro, mas o rapaz a corrigiu explicando que a picada crescia o coração.

- É melhor do que tomar uma picada e crescer a barriga. – Pronto, resolvido, depois dessa o menino ficou sem graça e o papo acabou.

Lebre virando coelho, coelho virando rato

Dizem que o álcool dissolve todas as regras e controle de qualidade que tenho em mente, e começo a crer que sim mesmo. Juca criou o hábito de pegar tudo quanto era mulher que encontrava em festa e cachaçada, não importava como era. Olhou e sorriu, Juca conferiu. Mas querendo mudar isso e vendo que tinha tido a sorte de ficar com uma mais jeitosinha, pensou em continuar com ela, combinou de encontra-la num show na boate no dia seguinte.

Lá avistou a menina, ele já estava daquele jeito, (12 cervejas, uma seleta, três conhaques), encostou e reparou que a mulé já não estava tão filezinho como no dia anterior, mas foi... tinha marcado, né... e foi conversando, reclamando porque ela não tinha falado com ele na boate ainda, que ele só estava esperando por ela naquela noite, notou que a menina não entendia muito a conversa, mas estava gostando. Enfim depois de beijos e mais beijos, Juca abre o olho e ver passar em sua frente a bonita de cara fechada pra ele, que só fez virar o rosto e sair. Ele ainda processando o filme na cabeça, parou, olhou direito pra figura em seus braços e caiu a ficha que era outra baranga que ele pegou enganado...

Todo menino é um rei

E Doquinha também já foi rei. Numa roda de samba, ele que andava cabisbaixo, meio triste, com coração magoado, se viu sendo disputado por dois loironas. Uma alta, turbinada, e a outra baixinha, uma pimenta. Era Doquinha sambando mostrando seu molejo, e todo distraído não percebia que toda hora era puxado pro centro da roda pelas duas, disputando entre si a atenção do rebolation dele. A alta tinha vantagem, pois foi pro samba acompanhada de Doquinha, mas estava vendo seu reinado ameaçado pela audácia da baixinha. Essa sim estava na batalha, puxava Doquinha, encoxava, rebolava, descia até o chão... E Doquinha lá, nariz empinado, molejo afinado, só sambava, só sorria.

Até que depois, de tanto dançar a loirona puxou Doquinha pelo braço, deu-lhe um beijo, e zefiní,

Está na hora de tomar uma garapa, depois dessas.

segunda-feira, 19 de abril de 2010

Big Brother Bahia

Já percebeu que estamos na era da vigilância? Que tudo que você faz ou fala pode está sendo gravado, filmado, fotografado? Tem um amigo meu que foge de câmera fotográfica igual diabo foge da cruz... Não me pergunte o porquê...

Enfim, o causo é que sem tomar os cuidados com isso, Zé da Pomba me deu uma história prontinha para escrever aqui.

Zé da Pomba talvez nunca entrasse nesse blog, estava sumido das farras, e sossegado no seu lar doce lar. Mas como qualquer reprimido, quando a sua mulher viajou numa sexta, ele deu seu grito de liberdade! Ligou pra os amigos que não encontrava há meses, marcou uma cerveja, pediu que levassem violão, timbau, a miséria toda, porque essa sexta iria virar sábado fácil.

Só tinha uma coisa que Zé não podia esquecer, assim como a cinderela, aliás pior que a cinderela, duas vezes na noite ele deveria ligar para sua digníssima do telefone de casa, para provar que não estava na esbórnia.

E lá foi ele, com sorrisão de orelha a orelha, e foi aquela putaria, aquele monte de baiano no boteco, uma zuada, uma fuzarca, um fuzuê da porra. Todo mundo querendo saber como Zé da Pomba, depois de tanto tempo, tinha conseguido a carta de alforria. Zé da Pomba tirou uma onda, disse que agora era rei em casa, que não tinha que a mulher não tinha que reclamar de nada.

Tomou todas as cervejas que tinha direito, dava um cheirinho numa menina, um beijinho no cangote da outra, estava em seu habitat natural. No auge da baderna, Zé olhou a hora e disse que tinha que ir no banheiro. Só que para espanto de todos, ao invés de seguir para o banheiro do bar, Zé saiu com seu carro, poucos minutos depois voltou. Mais umas cervejas, umas piadas e um rebolation... Outra saidinha. A confraria percebeu logo, era o “boa noite” da patroa que estava fazendo o sacaninha correr tanto assim. Mas tudo ficou bem, Zé se esbaldou com sua noite de rei, sem mulher por perto pra proibir nada.

Felicidade maior foi quando a mulher ligou dizendo que estava pensando em passar mais uns dias fora, Zé da Pomba comemorou como se fosse o título da Copa do Mundo!!! Coisa melhor não podia acontecer, como era bom aquele gostinho de liberdade, e pensando como aquela tonta não percebia que o plano das duas ligações na noite não empatava em nada ele ficar pela rua. E lá foi ele repetir tudo da primeira noite, samba, suor e cerveja, sem esquecer da corrida até em casa, ligar para a patroa e voltar para a noitada.

No terceiro dia cedinho, o telefone de Bino (amigo de Zé) toca, ele atendeu meio tonto e viu que era Zé:

- Que foi Zé? Não cansou não? Tá cedo ainda misera, espera mais tarde que a gente continua a bagaceira, meu fígado tem que descansar. – Do outro lado da linha, quase murmurando Zé da Pomba fez o apelo.

- Bino, se precisar, posso dormir em sua casa hoje? Caí numa cilada... Nem sei se volto a dormir no meu quarto de novo...

Sem entender muito, Bino foi escutando Zé da Pomba contar... Sua mulher preparou uma armadilha e Zé caiu. E com as provas que ela conseguiu, não tinha desculpa que salvasse sua pele. Quando ela ligou dizendo que ia passar mais outros dias fora, já estava de malas prontas pra voltar pra casa. Chegou e encontrou vestígios de cerveja, roupa suja espalhada, e Zé da Pomba com o nome ressaca escrito da testa. Zé negou, esperneou, se fez de vítima, e ia até dando certo, quando a mulher, sem dizer nada, desceu o prédio correndo até a portaria. Fez o porteiro mostrar todas as imagens de segurança, até conseguir a prova que queria a imagem das duas últimas noites com Zé da Pomba saindo e entrando no seu prédio duas vezes em cada noite, ou seja, os dois telefonemas, e a chegada final, altas horas do dia, quando Zé finalmente voltava pra casa...

Bino não aguentava e ria até rolar no chão.

- Tome sacana, seu Big Brother te colocou no paredão, mas fique tranqüilo, que enquanto você não tiver chance de voltar pro quarto do líder, meu puxadinho está aqui pro que der e vier.

terça-feira, 13 de abril de 2010

quinta-feira, 8 de abril de 2010

Semana Santa, santa gulodice!

Tento me controlar, mas não consigo. Sempre que vou começar a digitar algo aqui, me vem algum causo ou hábito baiano pra contar... São as raízes que teimam em me direcionar nos textos e todo resto mais.

Pois sim, baiano se acha na sexta-feira santa, é quando o vatapá pode ser prato oficial, o acompanhamento ideal para o peixinho santo, e porque não seguir com o caruru, torta de bacalhau, e um arrozinho pra rebater? E foi nesse banquete todo que Isaltino se reuniu com toda a parentada. Ah, não contei quem é Isaltino? Ele é aquele cara que gosta de estar no centro da família, soltar uma piadinha, uma não, várias... tomar a sua cervejinha, dá aquelas risadas altas, perturbar o sobrinho mais desavisado, tirar um sarro com a derrota do time do cunhado. E a sexta-feira santa é o palco pra tudo isso.

Apesar do significado do feriado, Isaltino repetiu a dose dos domingos, e na empolgação do feriado fez até além da conta... além de exagerar na cerveja e no vinho, resolveu se fartar daquele comilança à sua frente.

- Minha pretaaaa, ponha um prato pra seu querido aqui vá! Daquele jeito, no capricho. - gritava Isaltino da porta da casa pra esposa que estava no fundo da cozinha, do lado oposto da casa de sua mãe.

- Venha fazer você mesmo que eu estou cuidando da panela aqui e não posso deixar aqui pra fazer seu prato não! - Respondia a mulher sempre prestativa.

E lá foi Isaltino, fez aquele prato que mal se podia ver quem estava na outra ponta da mesa. Antes para a degustação dos quitutes, pegou o molho da moqueca, e querendo dar uma de civilizado para os parentes, encheu meio copo e tomou. O povão todo protestou:

- Você tá doido?! Isso é purgante puro! Dendê e leite de coco!!! Que maluco papá!

-Tudo um rebain de tabaréu! Nunca tomaram caldo em praia que nem eu! Isso aqui é caldo de peixe, bocó! Dá sustança! - Tomou de uma golada só. Comeu até não se aguentar mais e foi embora.

No sábado de Aleluia, tudo tranquilo. Isaltino tinha compromisso numas roças perto de sua cidade, e acompanhou sua chefe na empreitada. Sabe que nesse interiozão de meu Deus, qualquer casa que você visite tem sempre uma mesa posta pra você, e ai da desfeita não comer um cadim. Isaltino com aquele estômago meio vazio não se fez de rogado, saiu de casa sem tomar café e no meio da manhã com aqueles dois sóis na nuca, aceitou uma jarra de caldo de cana e duas fatias de bolo.

Na volta pra casa, o milagre da ressurreição estava para acontecer. O que ele imaginava já está morto dentro dele, começou a dar sinais de vida. Sentiu aquele calafrio nas costas dentro do carro. Fechou o vidro por causa do vento. Cinco segundos depois, abriu o vidro de novo, estava suando que nem porco. De repente o peixe do dia anterior começou a nadar na sua barriga, veio aquele ronco alto, junto com aquele gás mortal acompanhando. Nossa Senhora, Isaltino achou que tinha passado por algum bicho morto na estrada. Começou a acelerar o carro, trancando seu cano de escapamento tanto, que nem um fio de cabelo passava ali. Era arrepio, dor, uma cólica dos diabos.

Foi o tempo de chegar em sua casa, derrubando o tinha pela frente, sentou no trono, e ficou ali como rei chorando pela sua nação. Depois de meia hora gemendo, se esvaindo, e com as forças perdidas, Isaltino deitou-se em seu quarto, morto praticamente, e apagou. No fim da tarde já se sentindo aliviado, ouve um grito da mulher, que quase o mata do coração.

- Isaltinoooooo! Levanta daí agoraaaaaa!!!! Olha que merda você fez!!!!!! - Puxando o pobre pelo braço. Quando ele pôde abrir os olhos viu o resto do seu peixe nadando no caldo de cana, ali mesmo em cima de sua cama. Sei o quanto muita gente deve está lendo esse trecho aqui meio enojado, mas não poderia cortar essa parte, mas foi desse jeitinho... Nessa semana Santa, na qual o milagre do peixe, ou melhor, do caldo de peixe operou em Isaltino, depois dessa acho que ele toma jeito e não toma mais dessas coisas...

terça-feira, 16 de março de 2010

WoodsTOCOS, the festival!

Em novas viagens pelo interior da Bahia, acabo sempre descobrindo coisas inimagináveis... Um dia desses o sertão pode até virar mar de verdade, com tanto tsunami dando giros por aí...

Festas em cidade pequena são sempre o ponto crucial de feriados, férias ou um fim de semana de tédio. E a criatividade do interiorano é uma verdade, que a sua vã filosofia não pode nem chegar perto. Quem não se lembra da era hippie, como todas as bocas de sino, cabelo livres e música boa? Você vai logo se lembrar do Woodstock, festival que ficou na história americana. E porque não citar o WoodsTOCOS? Festival que fez o sertanejo jogar a cabeleira pra frente, botar o indicador e o mindinho pra cima e gritar: uhuuuuu! Não, gente... se a terra de lá não fosse tão seca, tinha caatingueiro procurando cogumelo durante os shows pra fazer um chá, o jeito foi ficar respirando aquele poeirão vermelho, que subia com aquele pessoal louco pulando até cansar.

A moda mostrou sua cara por lá também. Uma festa que começou nove horas da manhã, com aqueles 3 sóis que irradiam no sertão baiano, pra que traje mais adequado do que uma roupa preta com tênis preto ou coturno? O líquido mais visto lá era suor. Fora que se o cabra quisesse se refrescar, ele que levasse sua bebida, quem ia perder aquele showzão do WoodsTOCOS pra vender álcool, água ou soro?

O WoodsTOCOS serviu pra revelar talentos, teve banda que se formou para a festa e se encerrou na festa também, se existe carreira meteórica esse é um exemplo clássico. Bandas jovens, bandas com coroas jovens, alguém gritando da platéia: "toca Raul!", aquele músico esquecido dando uma canja, e que não queria parar de dar canja... Hendrix ia ter orgasmos com aquele cenário...

O evento não durou os 3 dias como o festival original, mas durou o suficiente para aquele bando de roqueiro sair de lá satisfeito, uns de bicicleta, outros nas motos (epidemia na cidade), dizem que tiveram os mais corajosos que se arriscaram a pé mesmo, o local não era dentro da cidade. Mas ficou a lenda que valeu a pena, que foi lançada a camisa oficial: "WoodsTOCOS, eu fui!" Dizem que virá a segunda edição da festa, enfim muitas lendas se criaram, mas a lenda maior ficou por conta do nome: WoodsTOCOS, coisa que nem americano pensaria numa terra tão quente e tão castigada de sol e de música duvidosa.


sábado, 6 de março de 2010

Forró de Mariquinha

Carnaval acabou... eu ainda nem contei os causos dele por aqui, mas aí lembrei que daqui a pouco é São João.
E de hoje até lá o que eu vou fazer? O que você vai fazer? Melhor arrumar um forró pro repertório, não? Eu já fiz o meu, faça o seu também!

Forró de Mariquinha

Fui no forrózinho
Na casa de Mariquinha
Pra ver se arrumava
Um punhado de farinha

Fazer uma mistura
Com o meu feijão com arroz
E ficar no xameguinho
Numa rede só nós dois

Chegando no forró
Foi aquele bate-coxa
Um tal de rala-fivela
Os meninos com as moças

Me puxaram pela mão
Não tive como escapar
Fui pro meio do salão
E comecei a dançar

Fui no forrózinho
Na casa de Mariquinha
Pra vê se se arrumava
Um punhado de farinha

Fazer uma mistura
Com o meu feijão com arroz
E ficar no xameguinho
Numa rede só nós dois

Naquele relabucho
Foi baião, depois o xote
Rastei pé no salão
Dancei até o galope

No meio da bagunça
Esqueci da tal farinha
Acabei virando a noite
Na casa de Mariquinha

Fui no forrózinho
Na casa de Mariquinha
Pra vê se se arrumava
Um punhado de farinha

Fazer uma mistura
Com o meu feijão com arroz
E ficar no xameguinho
Numa rede só nós dois



terça-feira, 26 de janeiro de 2010

Um desleixo doido

Ando meio desleixada, preguiçosa até. Não, não é coisa de baiano, é coisa de Marcela mesmo. Aquele período final - início de ano, quando se faz balanço de tudo e também se faz planos para tudo... Ou seja... não se age, só se pensa e se perde tempo...

Enfim, acho que finalmente estou levantando a bunda da cadeira e começando a fazer alguma coisa, para não começar muito rápido, estou aqui só para dar uma dica. Quando puderem e quiserem conhecer um pedaço da cultura baiana por meio da net visitem o site: http://www.culturabaiana.com.br/

Enquanto isso vou ali na geladeira que tem uma água de coco me esperando, fevereiro está chegando, e logo, logo eu viajando.