quinta-feira, 28 de maio de 2009

Peru de Natal

Está maluca? Estamos em maio ainda! Calma pessoal, não falarei da festa do final de ano, é apenas uma metáfora ou uma analogia com a expressão e o fato acontecido.

Uma tal confraria resolveu fazer uma festa para comemorar o mês de junho, e organizaram um forró para reunir todo mundo. No dia foi uma correria só, confirmar quem ia, preparar os comes e bebes, arrumar o salão de festas, tudo tinha que está pronto ao meio dia, o arrasta pé começaria às 13 horas.

Todo mundo foi a caráter, chapéu de palha e blusa xadrez para os homens, vestido rodado e trança para as mulheres. Bandeirolas no teto, quitutes na mesa e forró rolando no som: a festa começou. Justo nesse dia, Zé Firmino, amigo de um membro da turma, havia acabado de chegar na cidade e foi levado pra bagunça. Chegou lá no início da tarde e deu de cara com Ana Rosa, cabelo preto, liso, sorrisão pra ele... Zé começou a pensar como ia dar um jeito de chegar em seu alvo. Percebeu que ela gostava de bebida, dava uns golinhos no licor, uma provadinha no quentão, e isso 2 horas da tarde, naquele sol...

“É isso! Basta manter essa mulher nesse ritmo. De copo em copo eu chego nela facim, facim, tá no papo”, pensou ele. E vendo que deixaram uma garrafa de uísque na mesa, tratou de encher o copo e ofereceu pra Ana Rosa, ela que não era de fugir de desafio nenhum, aceitou. E começaram aquela competição, era um enchendo o copo do outro, Ana Rosa empolgou! Rodava o salão, dançava forró, dava risada de tudo, a bochecha estava vermelhinha e quando viu que seu copo estava ficando vazio dava um gritinho pra quem estivesse por perto:

- Uíííííísqueeeee! – Era o sinal de que queria mais... Gelo? Pra quê?! Já estava recusando. O melhor era puro. Vocês pensam que passou muito tempo do início da festa até esse momento? Que nada... Ainda eram 15 horas quando Ana Rosa já estava pra lá de Bagdá.

Só que quando ela deu uma de suas rodadas pelo salão, puxou uma amiga pelo braço:

- Olhe, eu vou pro apartamento de Leninha, porque já estou passando mal demais. – Leninha que morava no prédio da festa, levou Ana Rosa lá para cima, e deixou a defunta lá.

Depois de algum tempo Zé Firmino notou que sua vítima não o chamava pra dançar fazia um tempo, e foi perguntar pra seu amigo:

- Poxa rapaz, cadê Ana Rosa, será que foi embora no início da festa?

- Você queria o que? Achou que a menina era peru de Natal? Que tinha que embebedar de véspera? Você fique na sua, porque uma hora dessas, a única coisa que o peru que você escolheu precisa é: de glicose!

segunda-feira, 18 de maio de 2009

Risca faca na ambulância


Por falar em forró, São João, festa junina... Lembrei de um episódio que aconteceu na época de faculdade de 3 amigas, tempo em que tudo é possível, e nada nos impede.

Foi num desses shows de grandes bandas de forró do nordeste, que as 3 (Severina, Julieta, e Raimunda) foram para o parque de exposições da cidade, e lá não se pode dizer “não” a um convite para dançar, pode ser considerado até como ofensa. O show foi embalado com forró moderno, forró com teclado, e até o mais tradicional, com o sanfoneiro famoso no nordeste, Flávio José.

As 3 dançaram de tudo, foi um tal de bate-coxa e rala-fivela, até que conheceram 3 figuras no salão, todos com jaqueta de couro, botina, e o fivelão prateado. Um moreno alto, um meio branquelo e magrinho, e o outro... minha gente... era a cara daquele comediante, o Shaolin. Severina se engraçou logo com o moreno, e sobrou para Julieta e Raimunda aguentarem os outros dois a noite toda. Depois de muito dançarem, a festa terminou, mas a noite desses seis... ainda ia acontecer algumas situações estranhas.

Saindo do parque, Julieta e Raimunda acharam que iriam pra casa descansar, mas Severina contou que seu moreno tinha convidado as 3 para continuarem a noite em outro forró, do outro lado da cidade. Raimunda lembrou logo:

- Mas não é risca faca esse lugar? Acho meio perigoso.

- Verdade, melhor a gente ir pra casa, outro dia a gente marca de sair de novo. – Sugeriu Julieta.

Porém, Severina não queria perder a chance de dar uns beijos no seu morenão, e depois de insistir muito, conseguiu convencer as duas amigas. Quando o carro encostou para pegar todo mundo, as 3 se entreolharam sem acreditar no que estavam vendo... Uma ambulância daquelas antigas, parecia uma Belina, ou alguma coisa desse tipo. Raimunda se segurou pra não dar uma gargalhada ali mesmo, e puxou Julieta pra dentro pra nenhum conhecido saber que as duas tinham entrado num carro assim.

Todo mundo acomodado, o magrinho que estava dirigindo resolveu ligar o som, no último volume. Quase estourou os tímpanos de quem estava no banco de trás. Julieta, não se sabe como, tirou dois pedaços de algodão de dentro do bolso e colocou nos ouvidos, e já estava vermelha de tanto conter as gargalhadas com Raimunda.

Para completar a aventura, quando chegaram no risca faca e começaram a andar pelo meio da festa, todos ali olhavam para o grupo, e pelo avançado da hora, já estava todo mundo com cara de quem havia bebido muito, e que a noite não tinha sido das melhores.

Sentaram-se, e enquanto Severina aproveitava seu romance, suas amigas sofriam tentando escapar das garras dos outros dois. O sósia de Shaolin parecia não querer desistir de Raimunda, na outra ponta da mesa Julieta se esquivava de todos os jeitos do magrinho. D repente um pessoal mais nervoso da mesa ao lado iniciou uma discussão que parecia andar para uma briga, foi o que Raimunda e Julieta precisavam, levantaram-se depressa, pegaram Severina pelo braço, e saíram quase correndo:

- Vamos é embora daqui, você que se ajeite com seu moreno depois, não ficamos aqui nem mais um minuto, e nem vamos andar mais de ambulância. – Só deu tempo de Severina se despedir e passar seu telefone para seu amado.

As 3 ainda tiveram que voltar para casa escutando conselhos do taxista, dizendo que ali não era lugar para elas, e que era melhor não voltarem lá. Acho que nunca mais voltaram mesmo.

terça-feira, 12 de maio de 2009

Forró no interior

Quem passou junho no interior da Bahia, ou algum lugar do nordeste, vai se lembrar de como é boa essa época por lá. Aquele friozinho, a dança aquecendo o salão, e aquele trio perfeito: sanfona, triângulo e zabumba.

Os forrós no interior dão uma saudade da gota serena. Quem nunca recebeu um cheiro no cangote ao som de seu Luiz? Quem nunca viu o sol clareando depois de dançar a noite toda, com o quentão esquentando a garganta?

Geralmente a festa começa assim: todo mundo vai chegando, todos elegantes com suas botas, calça jeans, as mulheres com o batom na boca, os homens com cinto e fivela. Ainda naquela timidez inicial, você vai andando para o meio do salão, pra analisar o ambiente e ver se o mar está pra peixe.

De longe, olhando o palco, já se vê o cantador, o sanfoneiro mais de lado, o triângulo e a zabumba do outro. Sem querer seu pé já começa a se mexer, e o cheiro de quentão e do amendoim cozido vão invadindo a festa toda, o aroma parece te levar junto com o som da música.

Depois de alguns licores de jenipapo é hora de arriscar no arrasta pé. O cabra olha ao seu redor, fica de olho na morena, aquela do sorriso doce, o cabelo cheio de ondas, e o jeitinho matreiro. Respira fundo, vai até ela e segura sua mão:

- A morena não quer arriscar um forró comigo? – Ela nem responde, e vai entrando na dança.

A sanfona não pára, e cada giro que os dois dão é um cheiro roubado no cangote da morena. E toca um forró pé de serra, um xote, arrasta pé... Largar essa danada? De jeito nenhum! Parar só se o show acabar, ou se o chamego aumentar...

O bom é isso, tudo muito colorido, muitos cheiros, sabores, fica impossível não tornar-se cúmplice desse cenário. Luiz Gonzaga era quem tinha razão de não querer largar a terrinha dele. Não há lua mais bonita, nem estrelas que mais brilhem do que no sertão, nas cidadezinhas do interior.

Se algum dia inventarem alguma mistura melhor do que sanfona, triângulo e zabumba me avisem! Enquanto isso, estou indo ali num forrózinho, porque essa noite está fria e a lua cheia está me chamando pra festa!

segunda-feira, 4 de maio de 2009

Mente sã, corpo nem tanto


Dizem que baiano é, antes de tudo, um forte. A frase não é bem essa, mas estou fazendo meu uso dela. Um cabra macho, retado e confiante resolveu testar suas condições físicas. Zeca Sariema (apelido dado pelas suas atléticas pernas) resolveu seguir o conselho de um amigo. Deixou um pouco de lado aquela vida de farras e cachaçadas e investiu na malhação.

Procurou uma academia na capital federal e foi se matricular. Perguntou para a atendente que aula poderia fazer naquele momento. Pra que esperar? O bom seria começar isso logo. Ela informou que entre outras, iria começar a aula de spinning.

- A bicicleta? Moleza! Vamos lá. – Com tanta mulher fazendo, essa seria mais fácil, pensou ele.

Sariema entrou na sala e até se animou, tanta perna, tanta coxa... Pedalar ali seria o paraíso. Acomodou-se no meio das alunas e recebeu instruções do professor:

- Olhe, a aula é um pouco puxada, se você não agüentar pode sair antes, não tem problema.

Zeca avisou que estava tudo bem, e ele aguentaria sem problemas. Para sua surpresa a primeira música que tocou era baiana, da Timbalada, A Latinha. E começou: “Fiquei sabendo que cachaça não é água, não tem nada, não tem nada não...” Até aí pedalada leve, de repente tudo foi mudando, subida, mais peso, mais velocidade, e veio o primeiro refrão: “eu quero uma latinha transbordando você, eu quero uma latinha pra botar o que beber...”

Minha Nossa Senhora! Sariema nunca tinha colocado aquelas perninhas pedalando tão rápido e de pé praticamente, o suor mostrava que já estava derretendo, a boca aberta procurando todo ar que conseguia puxar, olhou para o relógio na parede, dois minutos de aula!!!

O professor pediu ritmo mais leve e lá vem a primeira parte da música se repetindo, quando o baiano retomou um pouco seu fôlego, olha o refrão voltando: “ eu quero uma latinha transbordando...” Tome-lhe pedalada acelerada – Pedala Zeca! – E lá foi ele. Não era mais ele, Zeca não sabia mais de onde tirar força pra movimentar aquele pedal, e foi assim até o terceiro refrão, quando olhou de novo para o relógio: cinco minutos! Não é possível! Tanto suor, tanta força e aqueles ponteiros não saíam do lugar!!!

O coitado só levantou o braço e disse ao professor que teria q sair, não se sabe como conseguiu chegar até a recepção e sentar no sofá, nem sentia mais as pernas. A funcionária lhe trouxe água, pediu que ele descansasse antes de sair. Zeca pensou que o melhor seria sair logo, antes que as alunas terminassem a aula e o vissem daquele jeito, botando os bofes pra fora. Atravessou uma rua, chegou na avenida principal e quando pensou em passar para o outro lado... Ai! Câimbra na perna direita. Deu dois passos mancando e massageando a coxa... Câimbra na esquerda também! Quase caiu, sentou-se rápido na calçada, morrendo de dor, só pensou em uma coisa. Pegou rápido o celular e ligou para o amigo que tinha recomendado a academia:

- Seu FDP, seu @#$%&**!!! Nunca mais me tire da vida de comedor de água! Pelo menos minha cerveja nunca me deixou sem andar!