terça-feira, 28 de julho de 2009

Galinha que anda com pato, morre afogada


Juju e Zezin acharam que aquele era um dia bom para comemorar a vida, comemorar qualquer coisa boa que acontecesse: o sol se pôr, a lua aparecer, uma estrela cair... E que tudo merecia um brinde. Zezin era macaco velho nesse quesito, acostumado a “cumê água”, já Juju entrou de cara no “novo desafio”.

Foram de bar em bar, de mesa em mesa, encontrando amigos, fazendo aquele social, tomando golinho, golão, virote, provando chiboquinha, fogo paulista (quem bebe, sabe do que estou falando), as vezes apostavam:

- Com classe! – gritavam. Ou: - Sem classe! – explicando: “com classe”: beber o copo todo, mas devagar. “Sem classe”: famoso virote sem intervalos.

Lembraram que tinha show na cidade, que alegria, que emoção, tudo lindo! Encontraram a irmã de Juju, Beth (também turbinada com cerveja) e uma amiga, Bia (a única sóbria nisso tudo). Foram.

Juju e Zezin trocavam as pernas pelo caminho, risadas gerais, Juju com um refrigerante na mão pra rebater o álcool. Assim que entraram no show e o som tocou, Juju desabou, apagou, e foi levada nos braços pelo policial de plantão no local, e foi levada pra o pronto-socorro de viatura.

Enquanto era atendida, os 3 amigos davam informações para os PMS relatarem no B.O. O médico, amigo da família ficou surpreso, nunca sabia que Juju bebia, ainda mais pra ficar naquele estado. Beth lá fora, que estava no balanço também, inventa de soltar uma pérola para o policial:

- Moço será que colocaram entorpecentes na bebida de minha irmã? E se tinha metanol na bebida?

- É provável. – respondia o policial sem esconder a cara de riso. Depois disso foi Bia quem respondeu o restante das perguntas. Beth e Zezin ficaram sentados na calçada esperando notícias.

A noite terminou com Juju na glicose, Beth chorando pela irmã, e Zezin dando risada, e ao mesmo tempo indignado por não ter aproveitado nada da festa. Baixinho ele repetia:

- Se não consegue acompanhar pato, não entre no lago pra nadar!

terça-feira, 21 de julho de 2009

De repente foi gol contra


Um amigo reclamou como a noite em Brasília é curta, e que sempre gostou de aproveitar até a última gota, mas que já se deu mal querendo esticar a madrugada.

Saindo de um bar, depois de um dia inteiro, Sevé, sua mulher Ritinha, Ari, Deusa e Pedrão pensaram: - Porque não aproveitar o viola e a lua? E foram para a porta do prédio onde Sevé morava. Abro um parêntese para dizer que Brasília é conhecida por suas regras do silêncio noturno e pela secura entre alguns moradores. Enfim, lá foram eles, ainda tontos com álcool, e com aquele repertório de gosto duvidoso. Um arrocha, um pagode, uma música brega, e um tal de forró do riscafaca (tudo junto, segundo a reforma ortográfica), a música era sucesso nas rádios nessa época. Seve começou a cantar:

- “De bar em bar, de mesa em mesa, tomando cachaça, bebendo cerveja... foi no riscafaca que eu te conheci...” – Para tudo, Sevé repetia essa última frase infinitas vezes:

- Essa parte da música é de f*. “Foi no riscafaca, faca, faca, faca, faca...” – Parecia disco arranhado, ninguém se agüentava de tanto rir.

Sem curtir muito a serenata debaixo de sua janela, um vizinho acabou com a brincadeira e jogou uma bacia d’água nos violeiros e seus cantadores, Pedrão e Ari. Todos pararam e se olharam por alguns segundos. Ritinha e Deusa rolaram de tanto rir. Ari se cheirava para conferir se era só água mesmo que veio lá de cima.

Pedrão, o valente, não se conformou com a cena e foi tirar satisfação. Isso era um abuso, uma ofensa sem tamanho! Nelson preocupado subiu as escadas junto com ele. Ritinha e Deusa medrosas se trancaram no apartamento de Sevé, enquanto ele lamentava com o porteiro a história toda.

De dentro do apê as meninas ouviram as batidas de Pedrão na porta que veio a água. Quando a porta se abriu, um negão 2x2 saiu de lá de dentro, só de cueca, já indo pra cima dos dois soltando os cachorros:

- O que é? Vocês pensam que eu sou algum palhaço, algun vagabundo? Eu acordo cedo. E já sei quem estava tocando, era o viad* do113!!!

A cena seria circense, se não fosse trágica. O vizinho emputecido descendo as escadas em direção dos dois, e eles descendo de costas tentando escapar daquilo tudo. As meninas saíram para tentarem ajudar. E chegaram também cunhado, irmã e sobrinha do parrudo para apaziguar a fuleragem.

Pedrão e Ari se separaram, Pedrão de um lado batendo boca com o “armário” de seis portas. Ari foi saindo com Deusa pro carro, só que ele deu azar na sua fuga, assim que virou de costas, o “armário” acertou em cheio o pé na bunda do coitado. Sabe quando você dá aquele pulinho pra frente? Foi desse jeitinho. Nem Pelé chutaria mais bonito.

Todo mundo foi pra sua casa, tudo se acalmou. Meses depois, Deusa contou essa história para um amigo de Pedrão, incrédulo por nunca saber de tal caso, e chorando de rir, lamentou:

- Poxa, Pedrão só me conta os gols de placa... Gol contra ninguém quer saber de comentar!

quarta-feira, 15 de julho de 2009

Amor de carnaval às vezes fica


Quem disse que o amor de carnaval não fica? Na próxima semana vou ser testemunha de um, o casamento de um par que se conheceu e se apaixonou em pleno carnaval de Salvador.

Tenho que dizer também que Dondinha, realmente, não tinha vocação para piriguete. Até tentou, chegou em Salvador com “sangue no olho”, prometendo beber, pegar colar dos Filhos de Gandhy, dormir na calçada, ver o Ilê passar, seguir o arrastão na quarta de cinzas... Não cumpriu nada disso.

E Dondinha conheceu Bira. Saíram todos os dias juntos, dividiram o mesmo capeta, a mesma latinha de cerveja, e dos Filhos de Gandhy... Eles só ganharam a borrifada de alfazema e o “ajayô”...

Por coincidência estavam hospedados no mesmo apê com outra turma grande, e foi com eles que aconteceu o oposto. Numa das tardes regadas a cerveja, Zé das Pirigas teve que buscar mais “combustível” no bar da frente e na volta, subindo no elevador do prédio, encontrou uma mulher vestida com abada de algum bloco, e puxou conversa:

- Já ta pronta, né? E esse bloco todo... tá bom mesmo?

- Tá. – Respondeu meio com desdém.

- E hoje vai ter beijo na boca?

- Pode começar agora... – E Zé que iria parar no segundo andar, seguiu beijando até o 12º.

Carnaval na Bahia é assim, amores seguem até o altar, outros até o 12º andar...

segunda-feira, 6 de julho de 2009

Passeando por Brumado


Desculpe a demora de voltar aqui, férias são sempre assim, televisão, internet, livros, tudo fica pra trás...

Hoje começa tudo novo de novo. Mas tenho que falar do mês de junho, foi bom voltar pro interior, rever os amigos, ouvir um forró, dançar agarradinho... O coração volta melhor, e com mais saudades também.

Para quem conhece Brumado, no sertão da Bahia, vai conhecer alguns nomes que vou citar aqui. Se algum dia você for à festa junina lá da cidade tem que aproveitar e conhecer figuras interessantíssimas.

Tem Valdíria e sua moda inconfundível, sempre com algum lençol, blusa com paetês pelo meio da rua, não tem vergonha de mostrar a mulher livre que sempre foi. Anda pela cidade inteira, às vezes com uma flor na mão, às vezes com um cajado, olha no seu olho e te diz logo se você é boa pessoa ou não.

Zé de Maria... como não rir com ele? Sábado mesmo lá estava no forró, com aquela voz de alto falante velho: “Aqui é Zé de Maria, Skol Brahma, é Zé de Maria!”. Dançou o tempo todo sozinho, até tentou chegar em algumas meninas, mas com aquela pele vermelha do sol, e cheiro da bebida... melhor não arriscar.

Além desses tem outros tantos, que só indo lá pra saber. Nesse mês teve os forrós de Marcão, violão no Boca Nervosa, as festas nos bairros Olhos D’água, 2 de julho, aniversário da cidade... Eu recomendo. Lá, mesmo sendo forasteiro, você vai conhecer em poucos dias uma boa parte das pessoas da cidade, muito provável se apaixonar por uma sertaneja também, ou encontrar um caboclo que roube seu juízo.

Tem também o acarajé de Sirlene, D. Rita, o picolé da Q-sabor, o Escritório, onde a última coisa que se faz é trabalhar lá dentro. Agora tem o espetinho do Marcelinho, no Jurema, de R$1,00! Ninguém acredita nisso, mas comprove lá. Tem que provar também uma traíra no Bar do Peixe. Tem os bares dos donos... Bar de Zira, Bar de Valdir, Bar de Marcão...

E as praças? A da matriz melhor ir em dias de missa, a Armindo Azevedo ficou para o comércio, e a praça Cel. Zeca Leite, a praça da prefeitura, é o lugar de encontro de todas as horas, tem suas palmeiras, os sabiás nunca vi... É onde todo mundo se vê, todo mundo se reencontra, e foi lá minha primeira noite de férias. Forró tocando, quentão para acompanhar, e matando a saudade dessa cidade tão comum como tantas outras e tão cheia de histórias pra contar.

Tchau Brumas, daqui a pouco volto!
Foto: Pça Cel Zeca Leite