sexta-feira, 10 de setembro de 2010

Tião que não é mais Biquinha



Hoje é sexta-feira, dia que tudo dá certo, aliás, às vezes nem tudo. Em festa de casamento, por exemplo, já viu né?Aquela alegria, aquela felicidade, todo mundo brindando os noivos, a cana comendo solta, os convidados enfiando o pé com a bebida de graça né, pai...

Foi nessa que Tião Biquinha conheceu todos os semáforos de uma avenida em Salvador. Já falei tanto de interior, que hoje é vou falar da capital. Voltando ao que interessa, Tião Biquinha estava à vontade, resenha comendo solta, salgadinho a rodo, muita mulé arrumada, perfume importado no salão de festas...

O que mais Biquinha podia querer? Podia aproveitar o uísque que toda hora passava em sua frente. Seus amigos estavam na festa, inclusive Mara e Ana. Mara tinha levado outra amiga, Vilma, moça fina, elegante, que não era muito de se misturar no meio de muita bagunça. Coitada, foi na festa errada, porque ali todo mundo estava no mesmo barco.

Enquanto estou aqui descrevendo esse povo, Tião Biquinha continuava com seu uísque. O gelo derreteu? Mas pra que gelo, meu Pai do céu? Vai caubói mesmo! Puro, de talagada! Aí é que é o bom, aí é que vinha a bagaceira, sacana!

Até Vilma estava dando uns golinhos, finos, de Prosecco, claro, e ia se soltando, já se bulindo. Todos sentados em pufs, sofázinho, com mesa de centro na frente. Numa dessas idas e vindas de Vilma pela festa, ela se desequilibrou perto de Biquinha, e foi apoiar nele pra não cair.

- Ooooooooi, não caia não, meu amor! – foi o Tião Biquinha precisou pra puxar Vilma pra seu colo, dar um cheiro no cangote, e segurou. – Venha cá que eu te seguro!!!

Vilma, minha gente, mais vermelha não podia ficar. Mara e Ana não se agüentaram e riram até. Biquinha tirou sua lasca, mas logo soltou Vilma, vinha passando o garçom com o uísque mais uma vez, e ele não podia perder a chance.

A hora passou e Biquinha daquele jeito, cantando mais alto que o som, tirava terno, botava terno, pegou flor da ornamentação colocou atrás da orelha, era pinto no lixo. Mas se até pra José a luz apagou, a praça esvaziou, pra Biquinha não foi diferente, a festa minguou. Uns combinavam de ir pra boate, outros pra bar. Biquinha não, ficou de olho em Mara, pretendia tentar alguma coisa no caminho da carona, ele estava de carro, então podia rolar uma chance de se dar bem.

Lá foi ele, Sérgio também pegou carona porque viu que Biquinha talvez não desse conta de levar o carro. Dito e certo. Menino, assim que entrou no carro, Mara viu que Biquinha estava mareado, perguntou se ele aguentava levar o carro, e Biquinha retrucou, achou um desaforo a pergunta:

- Oi, não me ómilhe não! Eu bibi, mar tô bem, vu. Levo esse carro na tora! – E foi.

Começou aquele movimento de carro, um balanço quase nada... Hum, mas esse quase nada é que pega, sacana... Biquinha não se agüentou, o primeiro sinal vermelho, abriu a porta do carro, só botou a cabeça pra fora e gofou (pra bom entendendor, gofou basta). Fechou a porta, limpou a boca na gravata e seguiu. Segundo sinal vermelho, gofou, e terceiro, e quarto... por aí vai. Tião nunca mais pôde usar aquele terno, até o apelido dele mudou: de Biquinha, virou Tião Gofador. 

3 comentários:

  1. Agora vem aí a vingança de Tião.

    heheheheehehe.

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  2. Este casamento quase descasou os já casados.....foi água hein???Tião acostumado a tomar leite...kkkkkk

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