terça-feira, 21 de julho de 2009

De repente foi gol contra


Um amigo reclamou como a noite em Brasília é curta, e que sempre gostou de aproveitar até a última gota, mas que já se deu mal querendo esticar a madrugada.

Saindo de um bar, depois de um dia inteiro, Sevé, sua mulher Ritinha, Ari, Deusa e Pedrão pensaram: - Porque não aproveitar o viola e a lua? E foram para a porta do prédio onde Sevé morava. Abro um parêntese para dizer que Brasília é conhecida por suas regras do silêncio noturno e pela secura entre alguns moradores. Enfim, lá foram eles, ainda tontos com álcool, e com aquele repertório de gosto duvidoso. Um arrocha, um pagode, uma música brega, e um tal de forró do riscafaca (tudo junto, segundo a reforma ortográfica), a música era sucesso nas rádios nessa época. Seve começou a cantar:

- “De bar em bar, de mesa em mesa, tomando cachaça, bebendo cerveja... foi no riscafaca que eu te conheci...” – Para tudo, Sevé repetia essa última frase infinitas vezes:

- Essa parte da música é de f*. “Foi no riscafaca, faca, faca, faca, faca...” – Parecia disco arranhado, ninguém se agüentava de tanto rir.

Sem curtir muito a serenata debaixo de sua janela, um vizinho acabou com a brincadeira e jogou uma bacia d’água nos violeiros e seus cantadores, Pedrão e Ari. Todos pararam e se olharam por alguns segundos. Ritinha e Deusa rolaram de tanto rir. Ari se cheirava para conferir se era só água mesmo que veio lá de cima.

Pedrão, o valente, não se conformou com a cena e foi tirar satisfação. Isso era um abuso, uma ofensa sem tamanho! Nelson preocupado subiu as escadas junto com ele. Ritinha e Deusa medrosas se trancaram no apartamento de Sevé, enquanto ele lamentava com o porteiro a história toda.

De dentro do apê as meninas ouviram as batidas de Pedrão na porta que veio a água. Quando a porta se abriu, um negão 2x2 saiu de lá de dentro, só de cueca, já indo pra cima dos dois soltando os cachorros:

- O que é? Vocês pensam que eu sou algum palhaço, algun vagabundo? Eu acordo cedo. E já sei quem estava tocando, era o viad* do113!!!

A cena seria circense, se não fosse trágica. O vizinho emputecido descendo as escadas em direção dos dois, e eles descendo de costas tentando escapar daquilo tudo. As meninas saíram para tentarem ajudar. E chegaram também cunhado, irmã e sobrinha do parrudo para apaziguar a fuleragem.

Pedrão e Ari se separaram, Pedrão de um lado batendo boca com o “armário” de seis portas. Ari foi saindo com Deusa pro carro, só que ele deu azar na sua fuga, assim que virou de costas, o “armário” acertou em cheio o pé na bunda do coitado. Sabe quando você dá aquele pulinho pra frente? Foi desse jeitinho. Nem Pelé chutaria mais bonito.

Todo mundo foi pra sua casa, tudo se acalmou. Meses depois, Deusa contou essa história para um amigo de Pedrão, incrédulo por nunca saber de tal caso, e chorando de rir, lamentou:

- Poxa, Pedrão só me conta os gols de placa... Gol contra ninguém quer saber de comentar!

Um comentário:

  1. Menina!! Eu que naum queria estar perto pra ver isso!! kkkkk! Que situação!!
    Seus textos estão ótimos! Parabéns!!

    ResponderExcluir