sexta-feira, 24 de abril de 2009

O dia que até pirata preferiu andar na prancha...


De todas as histórias que já ouvi, dessa tenho certeza que não esqueço. Um amigo que conheci em terras longe da Bahia, mas que é chamado de “o terror de Aratu” estava meio carente e solitário, distante do seu habitat natural. Num final de ano desses, tempos em que o coração fica mais meloso e a cama fica mais gelada (apesar de ser nosso verão), Cacá, o chuparino, finalmente parecia que ia se dar bem no bar com os amigos e as gatinhas, cenário: sábado ensolarado, cerveja gelada... Tudo conspirando a favor...

Dizinha, amiga do chuparino em questão, já havia arranjado tudo, levou Liliu que também estava a perigo pra ver se a coisa andava. Fez com que os dois sentassem juntos na mesa, e deixou o caminho aberto para Cacá. Era só ele fazer a sua parte.

E porque não contar suas aventuras na Bahia, seus tempos de chuparino, pegador e cachaceiro da Ilha? Ah... com certeza Liliu ia se surpreender com tanta desenvoltura do nosso rapazinho. Então melhor contar de vez: (com sotaque de baiano e as porra)

- Rapá, bom mermo era quando a gente ia p Ilha. Tinha pra ninguém não, papá. Era eu aqui (dizia batendo no peito) que derrubava todo mundo cumeno água. Num fim de semana que a galera foi p Ilha, passamo a noite toda na cachaça, no outro dia já acordamo tudo arisco, foi todo mundo direto pra praia com Montilla e coca. Sentamo na mesa e foi desde cedo dominó e cuba, cuba e dominó, até tinha umas piriguete freca como a porra acompanhando a gente lá.

Liliu achando um pouco demais, mas ouvindo tudo com interesse, estava até dando mole pra Cacá. O pessoal da mesa imaginou o que vinha pela frente e tentou mudar o assunto, masque nada... ele se encheu de empolgação e continuou:

- Pois é, tava lá meu amigão Deco Lorota, Pedrinho maluco e cada gota da cuba era disputada, uma hora que o dominó empolgou lá acabei derrubando o copo de cuba na mesa... Ia desperdiçar, papá? Lógico que não, virei a mesa de quina e encaxei na boca pra não perder nada e virei...

Cada palavra que Cacá dizia Liliu ia mudando de expressão, de espanto passava por horror chegando até o nojo... Mas o auge da Ilha ainda estava chegando

- Imagine aquele sol forte bateno na cabeça da gente, eu começano a suar, olhei pro limão dentro do copo, oxe... pra que melhor? Meti a mão, e dei aquela passada do limão no braço, e pronto! Botei o limão de volta no copo, ele dobrou de tamanho quando voltou pra cuba! (Nessa hora até o pirata do rótulo da Montilla preferia ter tapa-olho dos dois lados)

Como se não bastasse a história épica, Cacá finalizou a narrativa passando o alface do tira-gosto que estava na mesa no óleo do prato fez o bolinho na mão e mandou pra dentro. Liliu já não sabia mais o que fazer... Aproveitou que Dizinha foi no banheiro, e quando voltou sentou do outro lado da mesa.

Cacá, chuparino, não entendeu nada. Depois de apostar todas as suas fichas, contar sua maior aventura, viu sua conquista dar uma de gostosa difícil. E foi reclamar indignado com a Tonhão:

- Porra velho, tava tudo ino tão certo, não sei porque desandou! (Uma hora dessas o pirata já tinha se jogado da prancha...)

5 comentários:

  1. eu no lugar de Liliu jogaria algo bem gelado na cara dele e dizia:
    p/ vc se acalmar, papá!
    afe que nojo!

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  2. Esse é o verdadeiro Cacá Maçarico e a palavra mágica é INFLAME-SE,um perigo,kkkkkk.

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  3. Hahahahaahah..... Realmente, esse maçarico é mizeravicli... Meu ídolo! Ai ai....

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